Concentrações Recordes de Gases de Efeito Estufa, Nível do Mar e Calor dos Oceanos em 2022

14 de setembro de 2023

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Concentrações Recordes de Gases de Efeito Estufa, Nível do Mar e Calor dos Oceanos em 2022

Autor: Guilherme Borges – Meteorologista Especialista em Sustentabilidade no Setor de Infraestrutura

Imagem: getty images

Em 2022, o mundo testemunhou níveis alarmantes de concentrações de gases de efeito estufa, aumento do nível global do mar e conteúdo de calor dos oceanos, como revelado na 33ª edição anual do “Relatório sobre o Estado do Clima”. Este relatório internacional, liderado por cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI) da NOAA e publicado pela Boletim da Sociedade Meteorológica Americana, é resultado da colaboração de mais de 570 cientistas em mais de 60 países, fornecendo uma visão abrangente dos indicadores climáticos da Terra.

Concentrações Recordes de Gases de Efeito Estufa

As concentrações de gases de efeito estufa, incluindo dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), alcançaram níveis inéditos em 2022. A concentração média global annual de CO2 atmosférico atingiu 417,1 partes por milhão (ppm), marcando um aumento de 50% em relação aos níveis pré-industriais. Esse valor foi 2,4 ppm maior do que o registrado em 2021, representando o mais alto já observado em registros modernos e paleoclimáticos de até 800.000 anos.

Além disso, o metano atmosférico atingiu uma concentração recorde, aumentando em 165% desde os níveis pré-industriais e 14 ppb em comparação com 2021. O óxido nitroso também registrou um aumento de 1,3 ppb em 2022, sugerindo um aumento nas emissões desse gás nos últimos anos.

Tendências de Aquecimento Persistente

As tendências de aquecimento global persistiram em 2022, com a temperatura média da superfície global situando-se entre 0,45 a 0,54 graus Fahrenheit (0,25 a 0,30 graus Celsius) acima da média de 1991-2020. Isso posiciona 2022 entre os seis anos mais quentes desde o início dos registros no século XIX. É importante observar que, apesar desse ranking, a presença do fenômeno climático La Niña no Oceano Pacífico teve um efeito de resfriamento nas temperaturas globais em comparação com anos caracterizados por El Niño ou condições neutras de El Niño-Oscilação Sul (ENOS).

No entanto, 2022 foi o ano de La Niña mais quente já registrado, superando o recorde anterior estabelecido em 2021. Com a perspectiva de um ressurgimento do El Niño em 2023, espera-se que as temperaturas globais médias deste ano superem a partir de 2022. Os dados mostram que os últimos oito anos (2015-2022) foram os oitavos mais quentes registrados, com um aumento médio de 0,14 a 0,16 graus Fahrenheit (0,08 a 0,09 graus Celsius) por década desde 1880, acelerando mais de duas vezes desde 1981.

Calor dos Oceanos e Nível do Mar em Ascensão

Os oceanos desempenham um papel fundamental na absorção do excesso de calor retido no sistema terrestre devido às emissões de gases de efeito estufa. O conteúdo global de calor do oceano, medido da superfície até uma profundidade de 2.000 metros, continuou a aumentar e atingiu novos recordes em 2022. Simultaneamente, o nível médio global do mar também atingiu um recorde pelo 11º ano consecutivo, excedendo a média de 1993, quando as medições de altimetria por satélite começaram, em cerca de 101,2 mm (4,0 polegadas).

Impactos Regionais e Extremos Climáticos

Em 2022, eventos climáticos extremos não passaram despercebidos. O continente europeu sofreu uma onda de calor de 14 dias em julho, com temperaturas excepcionalmente elevadas. O derretimento de geleiras nos Alpes, com uma perda recorde de mais de 6% de seu volume na Suíça, foi uma das consequências desse calor extremo. Na Ásia Central e Oriental, o calor recorde levou a uma devastadora seca que afetou milhões de pessoas e causou uma perda econômica significativa.

O Ártico também testemunhou seu quinto ano mais quente já registrado, com uma extensão mínima de gelo marinho diminuindo continuamente. A precipitação anual na região foi uma das mais altas desde 1950, destacando o fenômeno da amplificação do Ártico.

Embora o número total de ciclones tropicais tenha sido próximo da média, várias tempestades causaram devastação significativa, incluindo furacões e ciclones tropicais intensos em várias partes do mundo.

Em resumo, o Relatório sobre o Estado do Clima de 2022 oferece um panorama alarmante das mudanças climáticas em curso, com concentrações de gases de efeito estufa, temperaturas globais, calor dos oceanos e níveis do mar atingindo níveis recordes. Essas descobertas ressaltam a urgência de ações globais coordenadas para combater as mudanças climáticas e mitigar seus impactos crescentes em todo o mundo.

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