Créditos de Carbono e Mudanças Climáticas: uma abordagem Climatempo & Carbonext

5 de maio de 2022

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Créditos de Carbono e Mudanças Climáticas: uma abordagem Climatempo & Carbonext

Os dias de calor intenso estão cada vez mais comuns e a ocorrência de eventos extremos, principalmente de chuva, são mais e mais frequentes, o que evidencia os sinais das MUDANÇAS CLIMÁTICAS. De maneira simplificada, as mudanças climáticas se tratam da mudança de temperatura da Terra que vem sendo intensificada e acelerada através do aumento de emissões antrópicas dos GASES DE EFEITO ESTUFA, como por exemplo pela queima de combustíveis fósseis e a ocorrência de queimadas.

No Brasil, o desmatamento da Amazônia é o principal responsável pelo alto nível de emissão de carbono, gás que contribui para o efeito estufa. Como funciona exatamente? Lembramos das aulas de biologia no colégio, que árvores acumulam carbono em seus troncos e raízes conforme crescem, de forma que grandes florestas, como a Amazônia, se tornem grandes estoques de carbono. Acontece que, o desmatamento contribui para que todo este carbono seja liberado e, consequentemente, contribui para um aumento na concentração do carbono na atmosfera, o que dificulta a saída do calor do planeta, intensificando o efeito estufa.

Não existirão apenas dias mais quentes, mas várias MUDANÇAS CLIMÁTICAS associadas! Como por exemplo, a elevação do nível dos oceanos, declínio na produção de alimentos decorrente da mudança do clima local, savanização da Amazônia, região semi-árida no Nordeste brasileiro se tornando árida e comprometendo a recarga dos lençóis freáticos, entre outros.  

Diante deste evidente problema, vários acordos a nível internacional vêm sendo realizados para diminuir a emissão dos gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2). O Protocolo de Kyoto (ratificado em 2005) foi o primeiro grande marco como medida para evitar os efeitos nocivos dos gases de efeito estufa. De maneira geral, os países passaram a ter uma meta de limite de emissão de CO2 e, aqueles que emitissem menos do que seus limites estabelecidos poderiam então vender essa ‘cota excedente’ para países que não atingissem seus objetivos, dando início ao chamado CRÉDITO DE CARBONO. 

Inicialmente o crédito de carbono estava inserido apenas no âmbito de compensação entre países, no entanto, o assunto atingiu tamanha dimensão que a busca por créditos de carbono passou a ganhar igual relevância no meio empresarial. A procura não regulamentada por créditos configura o mercado voluntário de carbono, que surgiu para atender a demanda de empresas, entidades e até mesmo indivíduos que voluntariamente decidem neutralizar suas emissões. 

E o que exatamente significa um crédito de carbono?

De uma maneira direta podemos dizer que uma unidade de crédito de carbono corresponde à uma tonelada de CO2 que foi deixada de ser emitida ou removida da atmosfera. Para dimensionar essa quantidade, vamos imaginar, por exemplo, uma ação ou atividade qualquer na qual ocorram emissões de gases de efeito estufa ao longo de seus processos industriais. Se houver medidas possíveis de serem aplicadas de forma a reduzir a emissão ao longo desses processos ou ainda, que removam CO2 da atmosfera, elas devem ser aplicadas. Em seguida, é preciso quantificar essa emissão ou remoção evitada e, por sua vez, padronizá-las em CO2 equivalente. Ou seja, converter o potencial de aquecimento de todos os GEE que foram compensados através dessas ações em relação ao CO2, tendo assim a unidade de medida padronizada. Por fim, após sabermos a quantidade que essa atividade está deixando de emitir ou removendo da atmosfera, temos a quantidade de créditos de carbono que essa atividade pode gerar.

No entanto, não basta apenas uma ação ou medida aplicada ter mecanismos para evitar emissão ou facilitar o sequestro de carbono da atmosfera, essa ação tem que se provar adicional. Aqui entra talvez o ponto mais importante a ser considerado no processo de geração de créditos: a adicionalidade. 

Uma ação adicional é aquela que não ocorreria na ausência de um projeto de carbono, ou seja, se a ação continuasse se desenvolvendo no modelo business-as-usual, sem intervenções com objetivo de sequestrar ou reduzir emissões, ela geraria o mesmo saldo positivo de emissão de carbono para atmosfera. Por exemplo, se um projeto é viável por si só, seja através da venda de seus produtos, bancado por algum fundo, ou ainda devido a obrigatoriedade legal, nesse caso, mesmo que o projeto leve a uma redução das emissões de GEE ele não pode ser considerado um projeto adicional, com potencial geração de créditos para compensação. O projeto iria ocorrer independentemente de um investimento assegurado através do mercado de carbono, não se configurando assim como uma ação que traga um ganho a mais para as questões climáticas pela atuação do mercado de créditos. É a adicionalidade presente em um projeto que permite que ele gere créditos de carbono.

E economicamente, como é visto um crédito de carbono?

Na prática, o crédito de carbono nada mais é do que um ativo intangível, ou seja, um bem econômico, um recurso, que pode ser amplamente comercializado. Assim como outros ativos, o crédito de carbono é produzido para atender um fim específico. Cada crédito de carbono gerado possui um registro, um código único e, quando esse crédito é vendido para compensar a emissão de alguma empresa ou indivíduo, ele é ‘aposentado’ e deixa de existir, garantindo assim que seja contabilizado para compensação apenas uma vez. Sua comercialização permite canalizar recursos para o gerador do crédito, assegurando o desenvolvimento dos projetos. É esse mecanismo que permite levar recursos para proporcionar os ganhos ambientais e sociais onde os projetos de carbono são desenvolvidos. 

           Nos últimos anos, a busca voluntária pela compra de créditos de carbono aumentou a demanda por empresas capacitadas que tivessem o know-how para atuação nos projetos de geração de créditos. Visando atender essa necessidade do mercado e auxiliar na preservação e proteção da Floresta Amazônica, a Carbonext nasce em 2010, em uma época em que a temática do carbono não era valorizada e entendida como acontece nos dias de hoje. A empresa trabalha não somente na neutralização das emissões de gases do efeito estufa, como também é uma das principais companhias no Brasil responsáveis pela originação de créditos de carbono florestais através de projetos REDD+, com aproximadamente 2 milhões de hectares sob proteção. Esses projetos evitam o desmatamento e, consequentemente, reduzem as emissões que seriam lançadas na atmosfera, gerando créditos de carbono para comercialização. 

A companhia atende tanto pessoas jurídicas como físicas. Hoje, qualquer pessoa pode acessar a plataforma da Carbonext e, após algumas perguntas a respeito de sua rotina (entender como você se locomove para o seu trabalho, por exemplo), é realizada a mensuração da pegada de carbono e uma assinatura para compensação pode ser feita. Para pessoas jurídicas, a empresa entende a real necessidade do cliente, sempre buscando mitigar o que não pode ser reduzido. Alguns exemplos claros são grandes players do mercado como Uber e Buser, onde entende-se a pegada de carbono de cada uma das viagens e o consumidor final tem a opção de ter as emissões do seu trajeto neutralizadas. 

Outra frente de atuação é entender a pegada de carbono dentro da avaliação de ciclo de vida de um determinado produto, como foi feito com a Casa Valduga, onde foi neutralizada uma linha inteira de vinhos. A empresa também entra na mensuração da pegada de carbono da parte operacional de fábricas e escritórios, considerando as emissões dentro de um determinado período (ano ou mês) para depois partir para neutralização. Também se desenvolvem projetos exclusivos para as empresas, estruturados de acordo com a necessidade de cada uma delas.

Mas quais são os benefícios reais da compensação de emissões?

O fortalecimento do mercado de crédito de carbono traz diversas vantagens para o meio ambiente. Considerando o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) (2022), ficou claro que nós, como sociedade, devemos buscar soluções efetivas, escaláveis e rápidas, para lidarmos com os impactos das mudanças climáticas. Segundo o relatório, além das mudanças previstas para o futuro, já estamos hoje lidando com as consequências desse desequilíbrio. Nesse contexto, o mercado de créditos de carbono se coloca como uma oportunidade pioneira de incentivar investimentos em projetos de sustentabilidade e de descarbonização dos processos industriais. 

Para as empresas, os benefícios da compra dos créditos vão além da questão reputacional considerando o mercado voluntário. Ao comprar créditos de carbono florestais, por exemplo, contribuem com a manutenção da biodiversidade, preservação da qualidade dos solos, garantia de disponibilidade e qualidade hídrica, desenvolvimento das comunidades tradicionais, entre tantos outros. Essa possibilidade de aplicação de recursos em projetos ambientais é uma ferramenta para que possamos cada vez mais atuarmos em projetos não só de recuperação, mas também de preservação e, assim, contribuir com o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.

É válido ressaltar que, apesar do crédito de carbono fomentar grandes avanços na busca por uma sociedade mais sustentável, ele não é o único nessa jornada. A busca para diminuir nossas emissões é fundamental nesse processo, assim como recuperar áreas degradadas e desenvolvermos tecnologias de baixo carbono nos mais diversos âmbitos da sociedade. O crédito de carbono serve como um incentivo financeiro e é uma das portas de entrada para a construção de uma sociedade que integre a modernidade com o equilíbrio natural, na busca por uma forma de vida cada vez mais harmônica.

E o setor de energia? Como colabora?

Recentemente, o IPCC divulgou a terceira parte do sexto relatório sobre mudanças climáticas apresentando possíveis soluções que podem e DEVEM ser colocadas em ação. Dentre as iniciativas, destaca-se o incentivo para que as maiores reduções de emissões globais venham a partir da transição para uma matriz elétrica limpa e renovável, com foco em geração eólica e solar. O relatório apontou que, em escalas maiores, a implantação de energia solar em telhados de prédios reduz a demanda de energia para resfriamento do planeta em 12%, além de também reduzir a ilha de calor urbana, trazendo benefícios à saúde. 

Além disso, as empresas no ramo de energia estão cada vez mais buscando promover o consumo e a geração eficiente. Como por exemplo, a Neonergia, que traz em sua Política de Ação Climática, o compromisso de situar a intensidade das emissões abaixo dos 50 gramas de CO2 por kWh gerado no ano de 2030, visando alcançar a neutralidade em carbono no ano 2050. Desta forma, em 2021, apresentou um relatório robusto e com resultados muito positivos no processo de diminuição das emissões, indicando que entre 2018 e 2020, a intensidade de emissões por geração de energia recuou de 72,9 gCO2 / kWh para 53,37 gCO2 /KWh. 

Seja por incentivo governamental ou consciência ambiental, a expectativa é de sejam tomadas medidas que minimizem a emissão de gases do efeito estufa e, que a busca por créditos de carbono sejam ainda maiores a fim de diminuir em 45% as emissões até 2030 e evitarmos a elevação de 3° Celsius (temperatura média do plano). Para tanto, o setor de energia se encontrará caminhando para uma transição energética, promovendo o crescimento exponencial das matrizes eólica e solar.

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