Comportamento das chuvas no mês de dezembro dos últimos anos e seus impactos

27 de novembro de 2020

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Comportamento das chuvas no mês de dezembro dos últimos anos e seus impactos

Dezembro é um mês marcado pela transição da primavera para o verão, estação responsável por rápidas mudanças no tempo na maior parte do território brasileiro devido ao calor e à alta umidade. Por ser uma estação marcada por chuvas abundantes no período da tarde, torna-se fundamental a atenção na previsão do tempo para evitar surpresas no dia a dia.

As frentes frias ainda atingem o continente nesta época do ano, mas o destaque vai para a formação do sistema conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um corredor de umidade que passa por quase todo o país, concentrando a chuva entre a Amazônia e as regiões central e Sudeste do Brasil. Este sistema, em conjunto com as altas temperaturas, é capaz de formar tempestades com uma grande densidade de descargas atmosféricas, que apesar de não terem longo período de duração, frequentemente causam desastres naturais severos, como deslizamento de encostas e barragens, inundações etc.

Nas imagens a seguir, obtidas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), apresentamos um comparativo do acumulado de chuva do mês de dezembro dos últimos 3 anos (2017, 2018 e 2019).


Nota-se que em 2017 (imagem a), as chuvas ocorreram de forma mais uniforme, abrangendo a maior parte do país, com exceção do extremo Nordeste e Roraima. Já em 2018 (imagem b) observa-se uma diminuição no acumulado de chuva nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, enquanto houve um aumento das chuvas na região Nordeste, extremo Norte e na região central de Minas Gerais. Por fim, em 2019 (imagem c) houve uma queda no acumulado de precipitação em todo o Nordeste, no norte de Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de partes dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Pará, contrastando com um leve aumento de chuva no Mato Grosso do Sul, Paraná, sul de Goiás, centro sul de Minas Gerais e norte de São Paulo.

Segundo o INMET, em dezembro de 2017, após um ano com pouca chuva no Distrito Federal, mesmo batendo recorde com 265,8mm contra 246mm da média histórica mensal, o volume de precipitação terminou 15% abaixo do normal, sendo suficiente apenas para encher 30% das bacias de Santa Maria e do Descoberto. Quedas dessa magnitude prejudicam o preço da energia, pois, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), 60% do total da energia consumida no território brasileiro é proveniente das usinas hidrelétricas.

O problema da diminuição dos volumes de chuva se arrastou por 2018 e 2019, mantendo os acumulados anuais abaixo da média histórica. A abundância ou não das chuvas impacta diretamente em diversos setores, como energia, construção civil e mineração. Dezembro é um mês em que o monitoramento meteorológico ganha ainda mais relevância devido à quantidade de sistemas meteorológicos atuando simultaneamente no território brasileiro, provocando muita instabilidade atmosférica e episódios de chuvas intensas, com queda de raios e acumulados significativos de chuva. Isso é facilmente observado em notícias como:

Em que, por quase duas horas, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), a cidade de São Paulo ficou sob estado de atenção para alagamentos, devido a forte chuva que estava acontecendo. Este tipo de situação causa estragos como queda de energia, perda de bens materiais, mortes, paralisação do trânsito entre outros. Para esse caso específico, 67 enchentes foram registradas, 12 pontos sofreram alagamento e 67 árvores caíram.

Mais notícias com relação a este tema são encontradas nos links:

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/03/19/numero-de-mortos-pela-chuva-no-verao-aumenta-quase-quatro-vezes-em-sao-paulo.ghtml
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/12/01/apos-fortes-chuvas-sao-paulo-registra-pontos-de-alagamento.ghtml

Por Jéssica Mendes, meteorologista da Climatempo.

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